Tudo é alegoria blasfemando realidades...
Tudo é sonho sem mão a segurar
Na margem não há réguas
Mais que a regra de falar ao silêncio dessas gritas
Falas sem
Devassar o instante
E criar o feito pelo dito
Sem a voz que o coordene
Pelos meios sem caminhos
Ou falar que nada fala
Já dizendo tudo em pausas
Ao parar por respirar
A partitura nos meus versos
Reversamente vistos
Condena à realidade aqueles que as lêem

Tateando como velhos
Da lustre lamparina
Veredas em passos tardos
Mas que nunca são medidas
Na mão de quem as vê

Eis o velho estratagema
Que reside no julgar e opor seus dissidentes
Pois verdade aí condena a tantas penas ancestrais
Aquele que mais segue de tardinha à fontana
Por ver no seu reflexo sua própria danação
Revê o céu por onde andam
Os mil milhões milhares
De seres que o medem sobre a água do olhar

E é este o meu cantar que tudo cria sem mentiras
De verdades, tão veríssimo lega a quem os ouve
Vital ensinamento:
Medir-se é morrer mas morra sete vezes
Aquele que ousar medir estas palavras
Com o tom de sua voz
1:37 PM
 
Dos tempos que sói
A flor se murchar
Já desde a alvorada
Sem nome ou razão
Surgindo espelhada
semente da morte
morrendo se torna
ao novo momento
mantido no meio
o antigo exp’rimento
da força que some
do jarro calado
vazio vedado
se têm comumente
raízes no sol
caminhos inversos
no são movimento

são duas palavras
entrando em conflito
dragão enfurecido
serpente sem asas
que lutam constante
na pia batalha
que chama-se amor
ou guerra, o que for..

Caindo da árvore
Sem mão a perder
Com o ventre mantido
A comer poeira
Serpente que alma
De pura cobiça
Encima do mundo
No meio do muro
Olhando ao senhor
Traindo seus feitos
Por meras palavras
E asas dos ventos
Lhe trazem tormento
Do inferno no ardor

Mas dores à parte
O ser inda anda
Por brasas e fogos
Nos sonhos velozes
Que em vozes etéreas
Já são embalados
Por nomes perdidos
Por doces cantigas
De sã redenção
Da queda e do fim
11:20 AM
 
coca cola & vigília*

ando roto em passos tardos

por vielas sem saída

já me escorro desta vida

a alma e a mim ninguém socorre


e já não ando eu escorro

me perde a sanha e a vileza

de mão pura em malvadeza

deda o divino e eu morro


triste amarra um alexandre

não existe a desatar

somente um mar desditado

em que navego devagar


ondas morosas eu dropo

e o mar e o sal e a fé e o mal

e moro então sobre velas

e nelas como mundo eu topo


sem saber donde me escapo

bebo-me e fujo sem sinal

dar de mim vil animal

que esconde a dor no seu papo


e o trapo em que me apresento

esconde a luz de um asceta

e ensaio ritos de morte certa

que porém não represento


de tudo que mais me faço

senão da dor que me aumento



* Publico aqui em meu blog esta preciosidade de poema, escrito por Juniores Rodrigues e Jessé Gabriel da Silva, em ocasião de uma tomada de Coca-Cola. Pretendo em breve publicar ensaio sobre este poema no presente blog.

Joesat Vosie

5:27 AM
 
descaso

Eu já avancei só por mesmo avançar

como tem-se dito e feito para mais dizer do fato

eu ousei minha própria e ilustre estupidez no espelho

velho desconforto alheio a todo bem

Eu era o desatino e a tristeza destas horas negras

E não cuidava que houvesse o exato e pio instante

De todas as chagas romperem-se em pus

Para nunca mais cicatrizar
3:19 PM
 
Cantos Bárbaros

I

Nenhuma estrada esquece o rastro, no audaz desgosto de ser pisada e agüentar silente. Eu tive propósitos parecidos, mas assim, a soma de tudo me constrangeu, me contundiu. Era exato tanto sofrer sem precisão nenhuma, a princípio era somente... Alguma coisa que esqueci, se fosse, seria todo o meu problema arresolvido. Mas quem é que queria saber desta história sem começo que me acometeu se sucedendo o meu desterro? Eu tinha que aspirar a esta vitória antes mesmo de tudo se querer, assim – esquecendo que a derrota se consistia em consistência bem no meinho?

De esguelho, a se contentar com a estreitura das coisas e do mundo, virei a atravessar chorando meu primeiro desespero. Será que vinha a ser justo essa a minha primeira provação?

2:08 PM
 
perspectiva de um tratado
Buscando o início de um caminho torto,
Traçava planos crente de encontrar:
ciência nova, para constatar
Que seu desejo já quedava morto.

Na nau antiga solta pelo mar,
vencendo as vagas muito absorto,
O nauta vivo, em sonho circular,
cuidava a noite... imaginava um porto...

A que um porto existisse proferia
Palavras novas de um soar silente:
Que mais se fala numa fala ausente.

E achando o início do caminho, iria
Voltar ao seu fim tão sinceramente:
Ciência impossível, tosca ninharia.
2:01 PM
 
O mundo como vontade e representação


by Rico
6:04 AM
 
AmPHitheAtrum SyMbOlicum POEtarum
where may the falling children gather their calls...
NADA
quem corre cai com quem
a queda faz parte da perfeição
e a coisa fazente vira feitura tessitura ....... de solidão

 

"Pleasure and distress, fear and courage, desire and aversion, where have these affections and experiences their seat?" [Plotinus]
"The life of true happiness is not a thing of mixture." [Plotino]
"A Snake is afraid of a man that is naked, but pursues a man that is clothed." [Agrippa]
The Tao that can be trodden is not the enduring and
unchanging Tao. The name that can be named is not the enduring and
unchanging name.[Lao-Tse]
Hence time is aptly described as a mimic of eternity that seeks to break up in its fragmentary flight the permanence of its exemplar. [Plotino]
I celebrate myself, and sing myself,
And what I assume you shall assume,
For every atom belonging to me as good belongs to you. [Walt Whitman]
Don't read what lies in the black squares My Love...
for they hide what I can't see...